Por que o justo sofre e o ímpio prospera?
Nós, cristãos, por vezes somos tomados pelo pensamento de que Deus não cuida verdadeiramente do Seu povo. "Se Deus realmente está conosco", pensamos, "por que então, os cristãos precisam sofrer tanto?" Por que Deus não impede que as mazelas que acometem aos que não O amam caiam também sobre os que procuram viver do lado dEle?
Quando Asafe parou para pensar em Deus e Sua misericórdia (v. 17) viu o quanto estava errado, e o quanto é mais vantajoso, desde agora, permanecer ao lado do Pai (vv. 18-28).
Esta foi a grande dúvida que inspirou Asafe a escrever o Salmo 73 (leia-o agora mesmo, se possível).
Como sacerdote encarregado de cuidar dos cantores (1Cr 25), Asafe tinha uma grande sensibilidade para expressar em palavras o que se passa no íntimo da alma humana. No Salmo 73 ele coloca para fora tudo que o atormentava com relação à prosperidade dos maus, e à aparente apatia de Deus para com os sofrimentos do Seu povo.
Após comparar as facilidades e aparentes vantagens que os ímpios têm sobre os justos (vv. 1-16), Asafe pára e se dá conta de que estava olhando as coisas sob uma ótica errada. Deus não abençoa os ímpios e desampara o justo.
A recompensa final de ambos é que deve ser o foco da atenção. Se para o ímpio a vida terrena parece ser tão feliz, ao final, quando Deus colocar um fim ao pecados e suas conseqüências, o justo é que sairá vitorioso.
Mas Deus tinha um plano... Ele sempre o tem. Por algum motivo que só saberei plenamente na eternidade, Deus sabia que eu precisava passar por esta agonia de alma. Isso estava servindo para moldar meu caráter e me ajudar, penso, a ser um cristão mais empático com os sofrimentos do meu próximo.
Graças a Deus, assim como Asafe, eu mudei meu pensamento. Coloquei-me nas mas do Todo-Poderoso para que Ele operasse em mim a obra que fosse necessária de se operar.
Aqui estou. A cirurgia passou, a doença foi extirpada, e na Sua infinita bondade Deus me permitiu continuar nesta jornada em Sua obra. E olha que hoje já tenho uma terceira motivação para meus dias de "tempestade" - minha filha caçula (a Iris), hoje com 6 anos e meio.
Não há o que temer quando estamos com Deus ao nosso lado. Por algum momento podemos até vacilar, mas Sua mão de amor e graça estará estendida para nos amparar na hora em que necessitarmos.
Hoje estou certo de que “ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam. Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre” (Sl 73:26).
Na hora da dor e sofrimento, não perca tempo nos "porquês"...
Mude o "por quê" pelo "para quê"... e deixe que o Senhor te mostre o caminho.
Um abraço.
pr.Josué costa
Quando Asafe parou para pensar em Deus e Sua misericórdia (v. 17) viu o quanto estava errado, e o quanto é mais vantajoso, desde agora, permanecer ao lado do Pai (vv. 18-28).
A história de Asafe se repetiu na minha vida particular...
No final de novembro de 2002, fui tomado de surpresa ao saber que dentro de mim estaria desenvolvendo-se uma tumoração que já estava com cerca de 6cm.
Tudo começou quando eu tive uma forte crise de anemia que me fez parar no consultório de um Hematologista no interior da Bahia. A princípio a suspeita recaiu sobre algum sangramento interno proveniente de uma possível úlcera estomacal. Começaram os exames, a tensão foi aumentando e, após passar por uma transfusão de sangue para repor a taxa de hemoglobina do meu sangue, que estava na casa de 5,5 (quando o mínimo normal é 11,5), foi detectado que eu estava mesmo era com uma tumoração a nível de intestino delgado.
Aos 28 anos de idade, casado, pai de 1 filha de 4 anos, estudante do 3º ano de Teologia do SALT-IAENE, isso caiu como uma bomba. E começou a surgir a pergunta: “Senhor, por que eu?”.
A solução mais indicada para o caso seria a intervenção cirúrgica, pois só ela poderia propiciar condições de coleta de material para biópsia, extração do tumor, e continuação do tratamento com prováveis seções de quimioterapia, caso fosse necessário.
A cirurgia foi marcada para 27 de fevereiro de 2003, por coincidência, véspera de Carnaval.
À medida que se aproximava o dia, aumentava a tensão e preocupação. O que viria depois? Como seria a recuperação? Eu voltaria a ter uma vida normal? Daria para continuar o curso de Teologia e chegar à formatura? Tudo era dúvida.
Na noite que antecedeu à cirurgia, eu estava deitado na cama do hospital, preocupado, calado, e podia ouvir barulho das músicas que agitavam o carnaval de Feira de Santana.
Como Asafe, eu pensava: - Senhor, por que eu? Eu não fumo, não bebo, não tenho uma vida imoral ou promíscua. Há 9 anos entreguei minha vida em Tuas mãos, e hoje estou me preparando para o Teu ministério.... e o Senhor permite que esta doença, terrível, se abata sobre mim.... por quê? Tanta gente aí fora estragando suas vidas na prostituição e intemperança, e eu aqui, neste leito de hospital, prestes a passar por uma intervenção que poderá limitar a minha vida para sempre.... se não ocorrer o pior.
- Senhor, por quê?